A microbiota vaginal saudável é dominada por uma única espécie de Lactobacillus que, em geral, inibe a proliferação de espécies bacterianas exóticas, como patógenos oportunistas, produzindo ácido lático, peróxido de hidrogênio e bacteriocinas. O sequenciamento da microbiota vaginal permite classificá-la em cinco principais tipos de estados da comunidade (CSTs) com base no conteúdo bacteriano. No entanto, a relação entre os diferentes subtipos e a infecção vaginal permanece obscura, levando pesquisadores chineses a analisar amostras de 2017 de mulheres em idade reprodutiva saudáveis e com infecções vaginais.
Os cinco CSTs são baseados em quatro espécies de Lactobacillus. O CST I é dominado por L. crispatus, o CST II por L. gasseri, o CST III por L. iners, enquanto o CST V é dominado por L. jensenii. O CST IV é excepcional, pois não é dominado por nenhuma espécie de Lactobacillus. Em vez disso, consiste em diferentes espécies anaeróbicas, como Gardnerella vaginalis e Prevotella spp. A composição da microbiota vaginal é dinâmica e influenciada pela etnia, atividade sexual, idade e estilo de vida. Da mesma forma, é influenciada pelos níveis de estrogênio ao longo da vida da mulher, desde bebê até a menopausa.
De acordo com os pesquisadores chineses, os dados acumulados de sequenciamento da microbiota vaginal permitem explorar as características deste microbioma sob diferentes condições de saúde. O trabalho apresenta uma análise combinada de dados de sequenciamento do gene 16S rRNA da microbiomas vaginais de 2017 mulheres através de análise de 14 estudos. “Nosso objetivo era investigar disbiose ou assinaturas microbianas associadas à infecção, contribuindo assim para a compreensão geral da microbiota vaginal saudável e diagnóstico futuro de infecção vaginal com assinaturas microbianas”, explicam.
Diferentes microbiotas
A análise descobriu que a microbiota vaginal de mulheres saudáveis e com infecção vaginal foi caracterizada por diferentes módulos de coocorrência bacteriana. A microbiota vaginal em CST-I, dominada por L. crispatus, foi mais estável e enriquecida em mulheres saudáveis, apresentando maior resistência à colonização por Gardnerella e Prevotella. Em contraste, o CST-III, dominado por L. iners, não apresentou módulos de coocorrência sem resistência à colonização e foi suscetível a infecções.
O CST III foi abundante em mulheres com papilomavírus humano (HPV), vírus herpes simplex (HSV), Chlamydia trachomatis (CT) e candidíase vulvovaginal (CVV), enquanto o CST III-B foi aumentado em pacientes com vaginose bacteriana (VB). “No geral, nosso estudo identificou as assinaturas bacterianas da microbiota vaginal saudável e infectada, fornecendo informações únicas sobre o diagnóstico clínico e a previsão do estado de saúde de mulheres em idade reprodutiva”, finalizam os autores. O estudo ‘Characteristics of vaginal microbiota of women of reproductive age with infections’ foi publicado na revista científica Microorganisms em 2024.