Nutrição adequada na prematuridade

• Conteúdos Semanais | Nutrição

Nutrição adequada na prematuridade

Escrito por: Elessandra Asevedo

O nascimento de bebês prematuros foi declarado como uma emergência global silenciosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 13,4 milhões de bebês nasceram antes da hora em 2020. Além disso, estima-se que 1 milhão de crianças que nasceram antes de 37 semanas de gravidez morreram por complicações – um em cada 10 bebês. De acordo com o médico nutrólogo Danilo Klein, um dos desafios neste período é garantir a nutrição adequada para o recém-nascido, de forma que possa ir para casa o mais rápido possível.

“O bebê que nasce antes da idade gestacional adequada não teve tempo suficiente para acumular os nutrientes necessários para o desenvolvimento via placenta e, assim, poderá estar mais exposto a doenças”, acentua. Outro ponto de atenção para garantir a nutrição adequada está relacionado às dificuldades de sucção e deglutição dos prematuros. Esse fato ocorre porque o trato gastrointestinal ainda é considerado imaturo e, portanto, não está preparado para absorver o volume de nutrientes presente no leite materno.

O médico destaca, ainda, a importância dos cuidados da equipe multidisciplinar durante toda a internação e dos cuidados gerais de toda a família. Além disso, ressalta a importância da vacinação dos bebês durante a internação e no pós-alta, seguindo o calendário vacinal do prematuro. “Importante também a vacinação dos contactantes desses bebês, com destaque para as vacinas contra gripe e coqueluche”, reforça.

Mitos e verdades

  1. O bebê só é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de gestação? Verdade. A OMS classifica que todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação (até 36 semanas e 6 dias) é considerado prematuro e pode ser classificado de acordo com a idade gestacional ao nascer. Os bebês prematuros extremos são os que nascem antes das 28 semanas, enquanto os muito prematuros nascem entre 28 semanas e 31 semanas e 6 dias. Os moderados ou tardios são os que nascem entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias de gestação.
  2. A nutrição é menos importante que a oxigenação para um prematuro?
    Mito. A nutrição é tão importante quanto a oxigenação e qualquer outro cuidado com o bebê prematuro dentro da UTI. É necessário um cuidado integral que envolve desde a nutrição até os protocolos de neuroproteção e cuidados centrados na família. A nutrição desempenha um papel essencial para o desenvolvimento do recém-nascido.
  3. O bebê prematuro também pode ser amamentado?
    Verdade. O bebê prematuro deve ser amamentado sempre que possível, desde que não se tenha situações específicas que contraindiquem o aleitamento materno. Quanto mais prematuro, mais tarde vai mamar no seio materno. Porém, durante a internação é realizada a extração do leite materno e a colostroterapia, técnica que utiliza o colostro – leite produzido na primeira fase da amamentação – que é ofertado em pequenas quantidades ao recém-nascido a cada três horas desde as primeiras horas de vida. O leite materno é fundamental e é durante a internação que o prematuro passa pelo processo de desenvolvimento, amadurecimento e crescimento. Por meio do leite, o bebê adquire propriedades imunoprotetoras que são importantíssimas para o desenvolvimento da imunidade.
  4. O leite materno é a melhor forma de alimentação e é suficiente para nutrir um bebê prematuro?
    Mito. Os recém-nascidos prematuros apresentam alto risco de déficit de crescimento pós-natal, por isso, a terapia nutricional é um aspecto importante dentro da UTI neonatal. Nos primeiros dias de vida, o prematuro passa por algumas fases de adaptação onde a nutrição parenteral – terapia nutricional inserida diretamente pela veia do bebê – pode ser necessária. Além disso,  exerce um papel fundamental para garantia da saúde, visto que o intestino ainda não está preparado para absorver o volume grande de nutrientes. Já a nutrição enteral, feita por meio da sonda orogástrica, pode ser iniciada precocemente a depender da condição clínica do bebê. O leite materno é o alimento de escolha e, sempre que possível, deve ser oferecido. Dependendo da necessidade nutricional do prematuro para o adequado crescimento, pode ser necessário colocar um aditivo do leite materno, aumentando a quantidade de proteína, caloria, cálcio e fósforo. Na ausência ou impossibilidade de oferecer o leite materno, as fórmulas para prematuros podem ser utilizadas.
  5. O bebê prematuro é mais vulnerável às doenças?
    Verdade. O sistema imunológico do prematuro ainda não está completamente desenvolvido, por isso, tem mais risco de contrair infecções bacterianas, fúngicas e virais durante a internação na UTI neonatal. Após a alta hospitalar, uma das principais causas de reinternação são problemas respiratórios, geralmente por causas virais.

DIREITOS RESERVADOS ®
Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Companhia de Imprensa e da Yakult.

Matérias da Edição

• Mais sobre Conteúdos Semanais