Menor incidência de diabetes tipo 2

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Metformina e linagliptina aliadas contra o diabetes

Escrito por: Fernanda Ortiz

O pré-diabetes é uma condição silenciosa na qual os níveis de glicose no sangue são considerados anormais, porém, abaixo do definido como síndrome metabólica. A adoção de um estilo de vida saudável é apontada como o melhor método preventivo e de tratamento para este quadro. Entretanto, um estudo recente avaliou que aliar o uso do medicamento metformina combinado com a linagliptina – conhecida por sua segurança cardiovascular e renal –, pode contribuir para a menor incidência de diabetes tipo 2 (DT2) em pessoas com pré-diabetes. De acordo com os autores do estudo transversal, a eficácia dessa intervenção parece ser intensificada pela ação da microbiota intestinal.

Para determinar os fatores associados à resposta clínica, os pesquisadores avaliaram o impacto da linagliptina/metformina (LM) versus metformina sozinha (M) na composição da microbiota intestinal. Além disso, aliado a um estilo de vida mais saudável, analisaram a associação com a sensibilidade à insulina (IS) e a função das células β pancreáticas (Pβf) em pacientes com pré-diabetes. De acordo com os autores, os participantes foram selecionados a partir do estudo de prevenção de diabetes PRELLIM, um estudo clínico duplo-cego, randomizado e paralelo.

Separados aleatoriamente nos tratamentos LM e M, todos os participantes apresentavam fatores de risco cardiometabólico, a exemplo de obesidade, colesterol total alto, HDL baixo, triglicerídeos e hipertensão. Além disso, foram impedidos de tomar medicamentos ou suplementos que afetassem o metabolismo da glicose ou a composição da microbiota intestinal. Os participantes foram divididos em grupo sem tratamento (avaliação basal), acompanhamento de seis meses e acompanhamento de 12 meses. “Como o objetivo original era observar mudanças na composição da microbiota ao longo do tempo e suas implicações na resposta clínica, obtivemos 38 amostras de fezes correspondentes ao acompanhamento dos participantes nos meses 6 e 12”, descrevem os autores.

Resultados

Analisadas as amostras, os resultados foram consistentes com um enriquecimento de bactérias produtoras de butirato, incluindo Lactobacillus, Roseburia, Fusicatenibacter e Blautia. Os gêneros promovem a produção de peptídeos no íleo, reduzindo indiretamente a expressão hepática de citocinas pró-inflamatórias. “Apesar do aumento observado em bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta na microbiota após esses tratamentos, o modelo de equações estruturais sugere uma associação fraca entre gêneros bacterianos específicos e melhorias em IS e Pβf”, descrevem os autores.

Dessa forma, o mecanismo primário de melhora metabólica em pacientes pré-diabéticos é mais diretamente atribuível aos efeitos farmacológicos dos medicamentos hipoglicêmicos, com apenas uma modulação parcial da microbiota intestinal. De acordo com os autores, futuros estudos ômicos com acompanhamento de longo prazo poderão determinar com mais clareza a extensão do efeito hipoglicêmico dos medicamentos por meio de modificações da microbiota, assim como seu papel no desenvolvimento e na menor incidência de diabetes tipo 2. O artigo ‘Effect of metformin and metformin/linagliptin on gut microbiota in  patients with prediabetes’ foi publicado em abril de 2024 na revista Scientific Reports.

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