Descritos pelo movimento involuntário e ritmado de parte do corpo, os tremores podem ser muito comuns e ocorrem quando os músculos contraem e relaxam repetidamente. As causas fisiológicas são as mais recorrentes, mas outras podem ser patológicas, ou seja, associadas a outras doenças. Muito confundido com a doença de Parkinson, o tremor essencial é um problema frequente. Decorrente de uma alteração no sistema nervoso que causa um tipo de agitação rítmica muscular, o tremor pode afetar mãos, pernas, cabeça e cordas vocais, causando prejuízos à qualidade de vida.
Apesar de não ter cura, o tremor essencial pode ter seu avanço retardado por meio de medicamentos ou procedimentos para alívio dos sintomas. Atualmente, as técnicas disponíveis incluem sessões de fisioterapia, injeção de toxina botulínica em alguns nervos específicos e procedimentos cirúrgicos. Apesar de pouco utilizada no Brasil, a Estimulação Cerebral Profunda (ECP), também conhecida por DBS (Deep Brain Stimulation) e marca-passo cerebral, se apresenta como uma solução eficiente para otimizar o tratamento e reduzir drasticamente os sintomas do tremor essencial. O procedimento também é indicado para pacientes com distonia (distúrbio neurológico dos movimentos musculares) e doença de Parkinson, quando o tratamento farmacológico se tornou menos eficiente.
A ECP é feita por cirurgia estereotáxica, ou seja, através de pequenos orifícios bilaterais feitos no crânio. A partir daí, implantam-se eletrodos, neuroestimuladores e o programador com precisão milimétrica em determinadas áreas do cérebro. “A técnica permite uma estimulação elétrica rigorosamente controlada com o objetivo de ajustar parte do funcionamento das regiões responsáveis pelo surgimento dos sintomas”, explica o médico neurocirurgião e especialista em dor Bruno Burjaili, que integra as equipes de Neurocirurgia dos Hospitais Santa Rita e Metropolitano, ambos no Espírito Santo.
A tomografia computadorizada de crânio e a ressonância magnética são ferramentas importantes para acompanhar a trajetória dos eletrodos. Do mesmo modo, o registro eletrofisiológico profundo que realiza a neuroestimulação-teste durante a cirurgia é fundamental. O médico lembra, ainda, que a indicação do procedimento deve ser avaliada pelo especialista de modo personalizado, de acordo com as características individuais de cada paciente.
Como ocorre
Sem causa bem definida, estudos indicam que o problema pode estar relacionado a falhas de comunicação entre cerebelo, tálamo e tronco encefálico. Evidências científicas apontam, ainda, que o distúrbio pode ser genético, embora também possa se manifestar em indivíduos sem histórico familiar. De acordo com o médico Bruno Burjaili, no início o tremor pode afetar somente um dos lados do corpo. No entanto, conforme a doença avança o tremor passa para os dois hemisférios. “O problema compromete atividades básicas como escrever, usar talheres e trocar de roupa, entre outras. Além disso, gera constrangimento em situações de convivência social devido à pouca compreensão da sociedade em relação à condição”, comenta.
