Um estudo realizado na Universidade de Loughborough, no Reino Unido, examinou os efeitos de um suplemento probiótico contendo a cepa Lactobacillus casei Shirota (LcS) em atletas. O experimento, realizado durante quatro meses de treinamento de inverno, reuniu homens e mulheres engajados em atividades físicas baseadas em resistência e avaliou a incidência de infecções do trato respiratório superior (do inglês upper respiratory-tract infections – URTI) e marcadores imunológicos.
Os 84 atletas saudáveis, que se voluntariaram para participar do estudo, desempenhavam treinamento esportivo regular – predominantemente com atividades baseadas em resistência como corrida, ciclismo, natação, triatlo, jogos de equipe e esportes de raquete. “Os participantes variaram de ativos recreativos a triatletas olímpicos, e as cargas de treinamento autorrelatadas eram, em média, de 10 horas/semana”, informam os autores.
Os participantes preencheram um questionário abrangente de triagem de saúde antes de iniciar o estudo, e uma das exigências era não ter tomado nenhum medicamento nas quatro semanas anteriores. Além disso, todos os recrutados confirmaram que não tinham consumido qualquer probiótico nos últimos quatro meses. Assim, os 84 indivíduos foram randomizados para os grupos probiótico (PRO) e placebo (PLA) – 42 em cada.
Sob procedimento duplo-cego, os participantes receberam o probiótico Lactobacillus casei Shirota ou placebo diariamente, por 16 semanas. A média de idade no recrutamento era de 27 ± 11,6 anos. Amostras de sangue e saliva em repouso foram coletadas no início do estudo e após 8 e 16 semanas, e os treinamentos semanais e registros de doenças foram mantidos.
Resultados
Ao final das 16 semanas, 58 atletas completaram o estudo (32 no grupo PRO e 26 no PLA). Os resultados mostraram que a proporção de indivíduos do grupo placebo que experimentaram uma ou mais semanas com sintomas de URTI foi 36% maior do que aqueles do grupo probiótico. O número de episódios de URTI também foi significativamente maior no grupo PLA em comparação ao PRO. A gravidade e a duração dos sintomas não foram significativamente diferentes entre os tratamentos.
A concentração de imunoglobulina A (IgA) na saliva foi maior no grupo PRO do que no PLA. De acordo com os autores, esse resultado mostrou um efeito significativo do tratamento com probiótico, uma vez que a IgA tem como principal função proteger o organismo contra infecções. Embora essa diferença não tenha sido evidente no início do estudo, foi significativa após 8 e 16 semanas de suplementação com a cepa Lactobacillus casei Shirota. “A ingestão regular de LcS parece ser benéfica na redução da frequência de URTI em uma coorte atlética, o que pode estar relacionado à melhor manutenção dos níveis de IgA salivar durante um período de inverno de treinamento e competição”, afirmam os cientistas.
Desconforto gastrointestinal
Além disso, a ingestão regular da cepa Lactobacillus casei Shirota também reduziu a proporção de dias em que os indivíduos relataram sintomas de desconforto gastrointestinal. “Não pudemos atribuir diretamente esses benefícios a qualquer alteração específica da função imune sistêmica, porque não foram detectadas diferenças substanciais em nenhuma das variáveis imunes circulantes medidas no probiótico em comparação com placebo”, acentuam os autores. Além disso, não houve mudanças positivas no grupo probiótico em 8 ou 16 semanas de intervenção em comparação com a Semana 0 (linha de base).
De acordo com os autores, as possibilidades mais prováveis são de que a suplementação de LcS ajudou a manter a concentração de IgA na saliva ou teve um impacto positivo na função das células Natural Killer (NK). O estudo ‘Daily probiotic’s (Lactobacillus casei Shirota) reduction of infection incidence in athletes’ foi publicado em 2011 no International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism – doi.org/10.1123/ijsnem.21.1.55.