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Estudo avalia se probióticos atuam na memória de idosos

Escrito por: Adenilde Bringel

ciência tem demonstrado que o cérebro influencia as funções do intestino, assim como as alterações gastrointestinais são transmitidas ao cérebro afetando o humor e o comportamento. Essa interação, chamada de eixo cérebro-intestino, tem sido amplamente estudada por cientistas de várias partes do mundo. A literatura científica já identificou que existem vias indiretas de circulação sistêmica por meio das quais o microbioma intestinal modula o eixo cérebro-intestino-microbiota, como as vias endócrinas (cortisol), imunes (citocinas) e neurais, através do sistema nervoso entérico, de nervos espinhais e do nervo vago.

Para determinar os efeitos complexos dos probióticos na memória e nas medidas psicológicas e biológicas em idosos com desempenho cognitivo normal e comprometimento cognitivo leve, pesquisadores de Praga, na República Tcheca, desenvolveram um ensaio clínico duplo-cego, cruzado e randomizado. “Escolhemos um desenho de estudo cruzado para garantir uma intervenção ativa para cada participante, para alcançar maior adesão e nos permitir usar cada participante como controle para suas próprias pontuações”, afirmam os autores.

Os 91 participantes foram selecionados por meio de um questionário eletrônico. Um terço dos entrevistados com as piores pontuações cognitivas no teste eletrônico foram randomizados para o grupo A. O estudo começou com uma intervenção probiótica de três meses, e o grupo B recebeu um placebo. Em um desenho cruzado, ambos os grupos mudaram seu status de intervenção/placebo após três meses do início do estudo, para os três meses seguintes.

Os participantes foram pareados em idade, escolaridade, sexo e pontuações cognitivas em testes eletrônicos no início do estudo. Por meio de uma bateria neuropsicológica, em três momentos também foram avaliados medidas de humor de autorrelato, teste de aptidão física, amostras de sangue, urina e fezes e actigrafia. Este último exame é realizado por meio de um dispositivo utilizado no pulso, com objetivo de detectar o padrão de vigília e sono. Um subconjunto de participantes também forneceu amostras biológicas e foi submetido à bateria neuropsicológica em uma fase de testes prolongada, três meses após o término do estudo, para descobrir o efeito em longo prazo da intervenção.

Os participantes ingeriram um comprimido de probiótico/placebo por dia, juntamente com dois comprimidos de fibra/placebo. O probiótico era composto de cepas de Streptococcus thermophilus GH, Streptococcus salivarius GH NEXARS, Lactobacillus plantarum GH e Pediococcus pentosaceus GH. Os comprimidos de placebo eram idênticos aos comprimidos probióticos, mas sem os microrganismos. Segundo os pesquisadores, este é o primeiro ensaio que aborda os efeitos abrangentes dos probióticos humanos na memória e em outras medidas em idosos.

“O grupo probiótico teve melhores resultados do que o grupo placebo após o primeiro e segundo trimestres. Esperamos que o efeito probiótico persista pelos próximos três meses”, afirmam. Em suma, os autores informam que as descobertas deste estudo contribuirão para melhorar naturalmente a memória, os fatores psicológicos e biológicos e outros fatores. Além disso, mostram a importância dos probióticos para a saúde geral dos idosos. O artigo ‘Effect of human probiotics on memory, psychological and biological measures in elderly: A study protocol of bi-center, double-blind, randomized, placebo-controlled clinical trial (CleverAge Biota)’ foi publicado em 2022 na Frontiers Aging Neuroscience.

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