Apesar do crescente aumento na prevalência das alergias alimentares, ainda existem inúmeras dúvidas a respeito dos métodos de diagnósticos e manejo terapêutico dos pacientes. Para servir como um manual prático, o Consenso Brasileiro Sobre Alergia Alimentar foi atualizado recentemente. O documento que uniformiza condutas médicas e a prática clínica, passou por atualização especialmente no que se refere a diagnóstico, tratamento e prevenção.
O novo consenso é o resultado de um trabalho conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Além disso, recebeu a colaboração de nutrólogos, que são especialistas fundamentais no manejo das dietas de restrição. As principais mudanças do novo consenso dizem respeito a algumas diretrizes de tratamento, que foram readequadas com base em novas fórmulas disponíveis atualmente.
Os aspectos de prevenção e introdução da alimentação complementar também sofreram importantes modificações. De acordo com a médica alergista Renata Cocco, coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI, novos estudos são publicados anualmente, levando a defasagens em alguns conceitos previamente estabelecidos. “Estudos mais recentes são compilados para servirem como diretriz na conduta do paciente com alergia alimentar”, explica. Por isso, a atualização do documento que uniformiza condutas e prática clínica é importante para auxiliar os especialistas.
De acordo com a ASBAI, mais de 170 alimentos são considerados como potencialmente alergênicos. No entanto, uma pequena parcela deles tem sido responsabilizada por um maior número de reações. Em crianças, os alimentos alergênicos mais comuns são leite de vaca, ovo, trigo e soja, enquanto em adultos os que mais geram reações são amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar.
Atenção ao diagnóstico
O diagnóstico de alergia alimentar deve seguir quatro pilares. Primeiramente, é preciso conhecer a história do paciente, além de pedir exames laboratoriais que precisam ser muito bem interpretados. Ademais, é necessária a realização da dieta de restrição que consiste em retirar o alimento e avaliar a melhora para, depois, expor o paciente novamente ao alimento. Assim, será possível ter certeza de que existe a relação de causa e efeito.
Por último, deve-se fazer o teste de provocação oral, que consiste na oferta do alimento para a criança, em doses regulares e crescentes, sempre sob a supervisão médica. “A análise deve ser realizada em ambiente apropriado, ou seja, em clínica, hospital ou mesmo dentro da UTI, dependo da necessidade”, orienta a médica. No entanto, os testes nunca devem ser realizados em casa, pois colocam a criança em risco de morte.