Antibióticos na infância e o câncer colorretal

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Antibióticos na infância e o câncer colorretal

Escrito por: Elessandra Asevedo

O câncer colorretal de início precoce tem aumentado em todo o mundo, possivelmente impulsionado pela exposição a fatores de risco na infância. O uso prolongado de antibióticos, por exemplo, pode causar alterações duradouras na microbiota intestinal que levam à suscetibilidade ao câncer. A partir desta informação, pesquisadores chineses realizam uma investigação em relação a essa associação entre o uso de antibiótico e a doença, tanto em geral quanto de acordo com certos fatores genéticos.

Segundo os pesquisadores, dada a crescente incidência do câncer colorretal entre adultos mais jovens, investigar os fatores de risco para o início precoce da doença é importante para melhorar e personalizar a prevenção primária nessa população. “Evidências acumuladas sugerem que alguns fatores de risco potenciais para câncer colorretal de início precoce podem estar presentes durante a infância ou adolescência. E à medida que a acessibilidade a antibióticos aumenta em países de baixa e média renda, o uso para infecções comuns na infância ou acne na adolescência está cada vez mais disseminada”, pontuam.

Para o estudo foram usados ​​dados sobre os participantes do UK Biobank, recrutados entre 2006 e 2010 e acompanhados até fevereiro de 2022. Um total de 113.256 voluntários foram incluídos na análise, sendo 165 casos de câncer colorretal e 719 de adenomas colorretais, ambos de início precoce. As informações foram utilizadas para investigar as associações do uso prolongado de antibióticos durante o início da vida com o risco geral de câncer colorretal de início precoce, assim como de acordo com fatores genéticos.

Os dados também serviram para testar se a associação entre o uso recorrente do medicamento e o risco da doença de início precoce, bem como adenomas, difere pelos polimorfismos genéticos de fucosiltransferase 2 (FUT2). Esse gene regulador da microbiota intestinal desempenha um papel essencial na regulação da composição do microbioma do intestino.

Conclusões

O estudo indicou que o uso prolongado de antibióticos durante o início da vida foi associado a um risco aumentado de câncer colorretal de início precoce (em um nível nominal) e adenomas. Além disso, a associação para adenomas foi predominantemente entre indivíduos com genótipo rs281377 TT/CT. Isso sugere que o uso recorrente de antibióticos durante o início da vida, bem como fatores genéticos, podem modificar o risco de câncer colorretal de início precoce e adenomas. “Esse resultado oferece uma nova perspectiva para entender a etiologia deste tipo de câncer de início precoce em relação à regulação da microbiota intestinal”, sugerem os autores.

De acordo com os cientistas, são necessárias pesquisas adicionais detalhando o tipo, a duração e o período específico de uso de antibióticos no início da vida. “Além disso, é necessário explorar como o uso de antibióticos na infância e na adolescência, assim como os fatores genéticos, contribuem juntos para modificar o risco de câncer colorretal de início precoce, particularmente no que diz respeito à via relacionada ao microbioma subjacente à carcinogênese colorretal”, pontuam. O estudo ‘Association between antibiotic use during early life and early-onset colorectal cancer risk overall and according to polygenic risk and FUT2 genotypes’ foi publicado no International Journal of Cancer em 2023.

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