O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como intolerância à glicose com início ou reconhecimento durante a gravidez, e está associado a problemas para a mãe e o recém-nascido. O aumento da prevalência da condição em todo o mundo chamou a atenção de pesquisadores da Malásia, que elaboraram um estudo sobre o tema. O objetivo foi explorar a relação entre debates e a microbiota intestinal, assim como as escolhas alimentares e o estilo de vida de mulheres malaias com e sem a doença. Em resumo, a meta é o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e gestão.
A microbiota intestinal ganha destaque porque está envolvida em vários processos fisiológicos, incluindo metabolismo e função imunológica. Além disso, características clínicas, ingestão alimentar, hábitos de vida e alterações na composição do intestino têm sido associados a distúrbios metabólicos e complicações relacionadas à gravidez. “Embora um corpo crescente de investigação explore a relação entre os microrganismos intestinais e a doença, a maioria dos estudos concentra-se em populações de outras regiões”, explicam os autores.
Por causa disso, o governo da Malásia priorizou a investigação em nutrição, medicina de precisão e a promoção da saúde materna e neonatal, enfatizando a necessidade de abordar a DMG no país. A pesquisa aborda as lacunas de conhecimento existentes, investigando as associações entre dieta, estilo de vida, composição da microbiota intestinal e DMG entre mulheres malaias no segundo e terceiro trimestres de gestação. Os cientistas procuraram entender se os hábitos alimentares, o estilo de vida e a composição da microbiota intestinal variavam entre as mulheres malaias com DMG e aquelas sem a doença na gestação.
Etapas do trabalho
Na primeira parte do estudo foram analisadas 105 mulheres grávidas no segundo trimestre de gestação, divididas conforme a presença ou não de diabetes gestacional. Já na segunda parte foi investigada a análise do microbioma, visando uma melhor compreensão da microbiota intestinal entre todas as participantes. Para isso, amostras de fezes foram coletadas e processadas, e foi empregada análise metagenômica de rRNA 16s para estudar a composição microbiana.
Os resultados sugeriram uma associação entre peso corporal elevado e níveis de glicose, má qualidade do sono, falta de atividade física, maior ingestão de ferro e carne e redução do consumo de frutas entre mulheres com DMG em comparação com grupos sem o diabetes gestacional. A análise do microbioma revelou mudanças na composição microbiana ao longo do tempo, com diversidade reduzida observada no grupo com DMG durante o terceiro trimestre.
Achados
Os gêneros Lactiplantibacillus, Parvibacter, Prevotellaceae UCG001 e Vagococcus correlacionaram-se positivamente com os níveis de atividade física em mulheres com a enfermidade no segundo trimestre. Da mesma forma, o gênero Victivallis exibiu forte correlação positiva com gravidez e paridade. Em contrapartida, os gêneros Bacteroides e Roseburia apresentaram correlação negativa com ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (PUFAs) em mulheres sem diabetes gestacional no terceiro trimestre.
O estudo destacou, ainda, a natureza multifacetada do DMG, envolvendo uma combinação de fatores de estilo de vida, escolhas alimentares e alterações na composição da microbiota intestinal. “As descobertas enfatizaram a importância de considerar esses elementos interconectados na compreensão e no manejo do diabetes gestacional entre as mulheres da Malásia”, pontuam os pesquisadores.
Uma exploração mais aprofundada é essencial para compreender os mecanismos subjacentes a esta relação e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenções direcionadas para uma gestão eficiente do GDM. O estudo ‘Diet, lifestyle and gut microbiota composition among Malaysian women with gestational diabetes mellitus: a prospective cohort study’ foi publicado no periódico Scientific Reports em 2024.