Um abraço de saudade, de amor, de carinho, de amizade ou de acolhimento pode parecer apenas uma simples atitude de gratidão ou uma demonstração de afeto corriqueiro. No entanto, esse comportamento quase automático que passa despercebido na correria do cotidiano pode beneficiar relações e privilegiar o equilíbrio emocional das pessoas. O abraço gera sensação de aquecimento e acolhimento, promove o bem-estar e diminui os medos e a insegurança, acessando as emoções de maneira terapêutica.
Para desenvolverem o estudo ‘Receiving a hug is associated with the attenuation of negative mood that occurs on days with interpersonal conflict’, pesquisadores norte-americanos entrevistaram 404 adultos todas as noites durante 14 dias consecutivos. As perguntas envolviam temas como conflitos, recebimento de abraços e afetos positivos e negativos. Os resultados indicaram que houve uma interação entre o recebimento do abraço e a exposição ao conflito. Sendo assim, os cientistas sugerem que os abraços protegem contra mudanças prejudiciais no afeto associadas à experiência de conflitos interpessoais. Além disso, os abraços facilitam a adaptação positiva ao conflito.
De acordo com a psicanalista Andréa Ladislau, é possível avaliar a essencialidade do carinho desde criança, pois os bebês precisam do abraço e aconchego das mães para um crescimento e desenvolvimento saudável. “Em contrapartida, estudos evidenciam que crianças que não receberam esse afeto constante desenvolveram distúrbios psicológicos consideráveis. Além disso, carregaram para a vida adulta muitos complexos e gatilhos negativos, principalmente no âmbito da construção de suas relações interpessoais”, alerta.
Faz bem para a saúde
Além da sensação de aquecimento e acolhimento, são inúmeros os benefícios do abraço mapeados psiquicamente. Dentre os exemplos estão a promoção do bem-estar e a instalação de uma linguagem comunicativa para as emoções internas, pois o abraço protege, acolhe, demonstra afeto, carinho e amor. Ademais, diminui o estresse, alivia a ansiedade, previne a depressão e o pânico. A psicanalista acentua que o ato de abraçar também estimula o aumento da imunidade, reduzindo os riscos de doenças físicas e emocionais. “Isso ocorre porque o hábito de receber ou dar um abraço provoca a liberação da oxitocina, hormônio do amor e do bem-estar físico e emocional, diminuindo os níveis de cortisol, que é o hormônio do estresse”, pontua.
Um abraço beneficia pessoas de todas as idades e fases da vida, além de ter a vantagem de ser uma comunicação de carinho, verbalizando um desejo ou um querer sem utilizar palavras. “O toque é uma impressão favorável e amigável de atitudes altruístas e intensas que podem, inclusive, salvar vidas. E quem o recebe vai ressignificar internamente de acordo com o que possa estar vivenciando naquele momento”, enfatiza a psicanalista.