Associar o amor com as palpitações excessivas do coração, com a sensação de paz interior, com os pensamentos perdidos e com os hormônios e seus efeitos no cérebro são apenas alguns dos ‘sintomas’ que o sentimento proporciona. Entretanto, o ato de amar oferece mais, pois tem a capacidade de prevenir os riscos de doenças cardiovasculares – que acometem milhões de pessoas e são a principal causa de óbitos em todo o mundo. Isso acontece porque o estado emocional tem parte importante em todas as glândulas e órgãos, principalmente o coração, que passa por alterações na aceleração, nos vasos sanguíneos e nas plaquetas. Dessa forma, uma vida amorosa bem resolvida e estável pode ser uma importante aliada para o funcionamento e saúde cardiológica.
“Quando as pessoas estão em um relacionamento saudável, geralmente o estado emocional também está melhor, pois cérebro e coração são parte de um único eixo, apresentando melhores parâmetros hemodinâmicos, com a pressão arterial mais baixa e os batimentos cardíacos mais controlados”, afirma a médica cardiologista Salete Nacif, do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Além disso, quando o indivíduo está amando o corpo produz citocina, responsável por reduzir o estresse e promover o bem-estar físico e emocional; favorece a vasodilatação, com o aumento do diâmetro das artérias – incluindo as coronarianas – e previne isquemias e o surgimento da hipertensão arterial. A médica explica que esse hormônio também favorece o relaxamento muscular e reduz sintomas de depressão, ansiedade e fobia social.
Outros neurotransmissores, como os hormônios serotonina e endorfina, são ativados por esse sentimento, estimulando o bem-estar físico e emocional. A adrenalina também é acionada, mas, quando em excesso, pode causar uma reação adversa: a síndrome do coração partido. “Rara, essa síndrome surge em períodos de grande estresse emocional, podendo se manifestar em situações ruins e, até mesmo, quando o indivíduo é submetido a uma felicidade extrema, impulsionada pela descarga de adrenalina”, comenta a médica. Os sintomas são semelhantes aos de um infarto, como dor no peito, falta de ar ou cansaço.
A cardiologista afirma que cuidar do coração deve ser prioridade, mais do que controlar a hipertensão com a adoção de uma dieta balanceada com pouco sódio, e enfatiza que o combate do sedentarismo é fundamental. “Fazer atividades em conjunto com o parceiro pode ajudar o coração a bater mais saudável, pois os hormônios liberados durante esse convívio ajudam a regular a pressão e os batimentos cardíacos”, acentua. A atividade pode ser caminhada, exercícios ao livre ou atividades recreativas, a exemplo da dança de salão, pois o importante é encontrar opções que agradem a ambos e estejam alinhadas com as limitações individuais.